DOAR SEM EXAGERO

Por Jornal Cidade de Agudos em 21/03/2024 às 15:40:06

Uma mensagem de Jorge Lima, excelentíssimo secretário

do desenvolvimento do Estado de São Paulo, é para deixar bastante preocupado todo aquele que ama o Brasil e se importa com os destinos do país.

"Estamos trazendo mais de 250 bi de investimentos e as pessoas não querem trabalhar." Assim começa a mensagem do secretário nas explanações sobre o que tem feito o governo paulista em benefício da população. No entanto, por mais que um grupo de interessados pelos destinos da nação se esforce para tudo dar certo e alcançar bons frutos, nada disso frutificará se o que já foi feito lá atrás continuar a comprometer o andar da carruagem.

Explico. Explico, mas primeiro pergunto: Obras assistenciais são importantes? Resposta, sim. São importantes, mas devem ser efetuadas parcimoniosamente. Distribuídas a jorro, sem critério de justiça, são mais prejudiciais que auxiliares. Explicando com todas as letras, as medidas assistenciais de governos anteriores, distribuídas sem critério, contribuíram para "engessar" o braço de grande parte das pessoas que compõem a parte mais pobre da população. A inércia, o desinteresse, a falta de vontade de trabalhar tomaram conta dos necessitados, que agora não precisam pensar em trabalho porque contam com assistência governamental pra lá de suficiente.

Passemos a alguns dados oficiais. Ano passado, o governo paulista lançou cinco programas de qualificação divulgados em todas as prefeituras, mídia localizada e rádios locais. Aí começam a aparecer os primeiros sinais de desinteresse: o lançamento contou com apenas 20% de adesão.

As pessoas estão preferindo viver de programas sociais. Temos de proteger os pobres, contudo, é preciso muito cuidado para definir esse público. Há lugares em São Paulo que, somados todos esses programas, as pessoas ganham mais que 2 mil reais por mês. Para que se registrado?

Só para exemplificar, certo empresário que investiu 1 bi em um projeto em Ibiuna, teve de trazer mão de obra da Venezuela e Roraima, pois não houve procura da população. Faltam interessados em trabalhar. Das 16 regiões administrativas de São Paulo, falta mão de obra para a construção civil; em 9 das 16 não existem pessoas para a colheita. Em Arujá, Vinhedo e Valinhos faltam empilhadeiristas e não há motoristas em Americana.

Muitos reclamam que faltam cursos para essa gente. Mentira! Os números não falham. Não faltam cursos. Hoje no Sebrae, Senai e Senac sobram cursos. O que falta é aluno.

A situação é calamitosa. O país está infestado de bolsas para isto, bolsa para aquilo e o resultado é o que se vê por aí. Isto acontece em São Paulo, o mais rico Estado da República. Criamos uma população de apáticos, "bracinhos curtos", desinteressados, acomodados. Doar, sim, mas sem exagero, com parcimônia, critério. Vemos nuvens sombrias no horizonte. O mal já está feito, o que fazer para minorá-lo? Sinceramente, desconheço a resposta. Só sabemos que essa distribuição de benesses, repito, feita caoticamente, poderá desequilibrar o país nos mais variados setores da economia. É vital achar o breque para tamanho descontrole. Mas quem vai puxar esse breque?

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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