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DUAS FIGURINHAS CARIMBADAS

Por Jornal Cidade de Agudos em 11/04/2024 às 19:16:20

Nos meus tempos de criança algumas firmas exploravam o instinto compulsivo da criançada distribuindo gratuitamente álbuns a preencher com figurinhas, estas sim compradas em embrulhos com alguma guloseima. A distribuição gratuita dos álbuns era um embuste para forçar a criançada a comprar as guloseimas. As figurinhas chamadas "carimbadas" eram as mais procuradas e difíceis de serem encontradas. E era uma azáfama, uma confusão, um atropelo para encontrar a figurinha procurada.

Hoje falaremos sobre duas figurinhas carimbadas, que não são difíceis de ser encontradas, nem tão procuradas assim. Pelo contrário, no nosso dia a dia quase que somos obrigados a topar com elas, mesmo que não estejamos lá muito dispostos. Então, por que "carimbadas"? Porque são diferentes, avultam das demais por alguma característica especial.

A primeira figurinha carimbada é a de Alexandre de Morais. Membro do judiciário brasileiro, tem o nome ligado às muitas repressões pelas quais o povo pátrio vem passando. O nome dele evoca censura, reprimenda, prisão. É o homem das proibições. É o bicho-papão dos mais humildes e dos mais poderosos também. Recentemente, mandou prender e detém presas, até então, dezenas de pessoas, algumas bastante humildes, que participaram do célebre encontro do 8/1, como ficou conhecido. Presidente que é do TSE, agora meteu-se com figurões do mundo VIP. Conseguiu chamar a atenção do empresário Elon Musk, proprietário do Twitter/X, exigindo a inclusão dele como investigado no inquérito das milicias digitais. O objetivo é investigar grupos que possam estar atuando contra a democracia. O documento, que menciona uma "dolosa instrumentalização criminosa", está mexendo com uma das mais famosas personalidades do planeta. Alexandre de Moraes não deixa por menos. Além disso, ao demostrar empáfia, ordena que a plataforma não desobedeça qualquer ordem judicial já emitida. O processo é complicado e cheio de adjetivações acadêmicas, o que dificulta a compreensão da parte mais simples do povão. Mas, cabe deixar claro que essa investida a Elon Musk provocou uma reação que já se faz tardia: um manifesto de apoio ao empresário, "Censura Não — O Brasil precisa ter voz", foi lançado por um conjunto de parlamentares e líderes, movimento que defende o impeachment do ministro.

A segunda figurinha carimbada não poderia deixar de ser a do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Em todas as mídias, vem-se destacando como o "gastão" número 1 da República. Orgia com o dinheiro público em hotéis faraônicos, viagens mirabolantes desde que foi eleito, ele e a primeira dama Janja, cognominados como "casal esbanja", passam a ser vistos até com bonomia pelos mais humildes, que não têm a capacidade para um julgamento mais inteligente.

Não contente com suas declarações desastradas em alguns discursos públicos, de repercussão interna, põe-se na berlinda emitindo juízos de valor sobre o governo de outros países, como foi o caso das declarações sobre a política israelense, chegando a provocar uma crise internacional.

Não tem sido elogiosa a posição de muitos sobre esse governo que aí está. Para não aborrecer o leitor com muitos dados estatísticos, fiquemos apenas com a pesquisa Quaest, de novembro de 2023 a março de 2024. A avaliação de 101 fundos de investimento, com sede em São Paulo e Rio de Janeiro, foi negativa para 64%. Para 71%, a política econômica está indo em "direção errada" e 99% são céticos sobre a meta de zerar o déficit astronômico em 2024.

Que os leitores analisem sem partidarismo as próximas palavras de Santiago Abascal, presidente do Vox, partido de extrema direita da Espanha, sobre as duas "figurinhas carimbadas":

"Alexandre de Moraes é o carcereiro favorito de Lula. É a figura que permite dar matizes e legalidade e institucionalidade democrática à arbitrariedade da deriva autocrática do seu governo. Não há justiça onde as liberdades políticas, de expressão e de imprensa estão suspensas e onde metade da população está sob suspeita por não concordar com o presidente que foi condenado por corrupção."

Moral da história: muita coisa pode vir por aí. Pessoas estão abusando do poder e exorbitando nas atitudes. Cassandra está avisando que todo cuidado é pouco, mas ninguém acredita nos conselhos dela. Depois não digam que ela se omitiu.

Dra. Maria da Glória De Rosa
Pedagoga, Jornalista, Advogada
Profª. assistente doutora aposentada da UNESP
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